A redação do Enem é uma das partes mais desafiadoras e decisivas do exame. A pontuação obtida pode influenciar significativamente o resultado final, refletindo não apenas o domínio da língua portuguesa, mas também a capacidade de argumentação e cidadania do candidato. As competências avaliadas na redação do Enem são essenciais para garantir um texto coeso, coerente e, sobretudo, relevante frente ao tema proposto. A seguir, abordaremos detalhadamente cada uma dessas competências.
Competência 1: Domínio da escrita formal da língua portuguesa
A competência 1 avalia se a redação do participante está adequada às regras de ortografia, como acentuação, ortografia, uso de hífen, emprego de letras maiúsculas e minúsculas e separação silábica. Ainda são analisadas a regência verbal e nominal, concordância verbal e nominal, pontuação, paralelismo, emprego de pronomes e crase. Demonstrar um excelente domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa e da escolha de registro é crucial. Desvios gramaticais ou de convenções de escrita serão aceitos apenas como exceção e quando não caracterizarem reincidência.
Competência 2: Compreender o tema e não fugir do que é proposto
Esta competência avalia as habilidades integradas de leitura e de escrita do candidato. O tema constitui o núcleo das ideias sobre as quais a redação deve ser organizada e é caracterizado por ser uma delimitação de um assunto mais abrangente. Desenvolver o tema por meio de argumentação consistente, a partir de um repertório sociocultural produtivo e apresentar excelente domínio do texto dissertativo-argumentativo são aspectos determinantes.
Competência 3: Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista
O candidato precisa elaborar um texto que apresente, claramente, uma ideia a ser defendida e os argumentos que justifiquem a posição assumida em relação à temática da proposta da redação. Trata da coerência e da plausibilidade entre as ideias apresentadas no texto, o que é garantido pelo planejamento prévio à escrita, ou seja, pela elaboração de um projeto de texto. Apresentar informações, fatos e opiniões relacionados ao tema proposto, de forma consistente e organizada, configurando autoria, em defesa de um ponto de vista é fundamental.
Competência 4: Conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação
São avaliados itens relacionados à estruturação lógica e formal entre as partes da redação. A organização textual exige que as frases e os parágrafos estabeleçam entre si uma relação que garanta uma sequência coerente do texto e a interdependência entre as ideias. Preposições, conjunções, advérbios e locuções adverbiais são responsáveis pela coesão do texto porque estabelecem uma inter-relação entre orações, frases e parágrafos. Cada parágrafo será composto por um ou mais períodos também articulados. Cada ideia nova precisa estabelecer relação com as anteriores. Articular bem as partes do texto e apresentar repertório diversificado de recursos coesivos são pontos centrais.
Competência 5: Respeito aos direitos humanos
Esta competência exige que, ao final da redação, o candidato apresente uma proposta de intervenção para o problema abordado que respeite os direitos humanos. Propor uma intervenção significa sugerir uma iniciativa que busque, mesmo que minimamente, enfrentá-lo. A elaboração de uma proposta de intervenção na prova de redação do Enem representa uma ocasião para que o candidato demonstre o preparo para o exercício da cidadania e para atuar na realidade em consonância com os direitos humanos. Elaborar uma proposta de intervenção bem detalhada, relacionada ao tema e articulada à discussão desenvolvida no texto é um dos requisitos fundamentais.
No século XXI, a tecnologia digital tornou-se uma presença onipresente na vida cotidiana, promovendo a crença generalizada de que o acesso à internet resulta em inclusão social. No entanto, essa percepção é frequentemente ilusória. A mera disponibilidade de dispositivos conectados não garante o uso eficaz e produtivo das ferramentas digitais, especialmente entre populações vulneráveis. Apesar de avanços tecnológicos, a realidade revela um abismo significativo entre o simples acesso e a real inclusão digital.
Inicialmente, é imprescindível reconhecer que inclusão digital não se limita à posse de equipamentos eletrônicos, como smartphones e computadores. Envolve, outrossim, a capacitação para o uso adequado dessas tecnologias. A alfabetização digital é um fator crucial, pois sem conhecimentos básicos de informática, navegação segura e interpretação crítica de informações online, a população permanece alheia aos benefícios oferecidos pela rede mundial de computadores. Assim, a lacuna educacional é um obstáculo que impede a verdadeira inclusão.
Além disso, o contexto socioeconômico exerce substancial influência na fragilidade da inclusão digital. Em regiões de baixa renda, onde a infraestrutura tecnológica é precária e a velocidade da internet é insuficiente, o potencial das ferramentas digitais é subutilizado. Esse fenômeno perpetua as desigualdades já existentes, acentuando o distanciamento entre diferentes estratos sociais. A inclusão verdadeira requer investimentos em infraestrutura e programas educacionais voltados para essas comunidades.
Em termos de intervenção, é essencial que políticas públicas sejam implementadas com vistas a democratizar o acesso e uso das tecnologias digitais. O governo, em parceria com setor privado e organizações não-governamentais, deve promover cursos gratuitos de capacitação digital. De igual modo, é necessário garantir a expansão da infraestrutura de internet de alta velocidade em áreas carentes, possibilitando uma integração digital mais equitativa e efetiva.
Dicas Comentadas
A redação sobre a falsa ideia de inclusão no mundo digital demanda uma abordagem que vá além da percepção superficial do acesso à tecnologia. Veja algumas dicas que podem ajudar na elaboração desse tema:
- Introdução consistente: Contextualize a importância da tecnologia na sociedade atual e introduza a problemática da falsa inclusão digital.
- Argumentação fundamentada: Use dados estatísticos e conceitos de alfabetização digital para fortalecer seus argumentos. Reforce a ideia de que possuir um dispositivo não é sinônimo de inclusão.
- Exemplos reais: Aborde casos de regiões onde a infraestrutura tecnológica é deficiente e como isso afeta a inclusão digital. Isso torna o texto mais concreto.
- Proposta de intervenção: Seja detalhado ao propor soluções. Dê exemplos de programas de capacitação que funcionaram em outras regiões ou países e sugira a implementação dessas ideias no contexto brasileiro.
Siga essas dicas para construir uma redação coesa, coerente e relevante, pontuando bem nas competências avaliadas pela prova de redação do Enem.