Em um panorama preocupante, o estado de São Paulo registrou um total impressionante de 87.430 adiamentos de perícias pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em 2022.
O detalhe mais alarmante deste dado é que essas remarcações foram realizadas no mesmo dia em que os atendimentos estavam previstos, após um período médio de espera de um mês.
Em muitos casos, esses adiamentos foram realizados bem cedo pela manhã, entre 6h e 8h59, o que representa 45% do total de remarcações.
Esta situação traz à tona questões relacionadas à eficiência do sistema de atendimento do INSS, com indícios de que a maior parte desses adiamentos tenha sido realizada pelo próprio órgão.
A falta de clareza por parte do INSS é uma preocupação adicional. Apesar de o órgão admitir que algumas dessas remarcações se devam à falta de peritos, de conexão à internet ou de energia elétrica nas agências, não há um registro preciso de quantas foram realizadas pelo próprio instituto.
Esta falta de transparência dificulta a identificação e resolução das raízes dos problemas.
Além disso, os dados destacam a experiência desgastante e frustrante dos segurados que enfrentam esses adiamentos. Um exemplo é o caso de uma esteticista de Guarulhos que teve que aguardar cinco meses para marcar sua perícia após ser afastada do trabalho devido a um câncer no intestino. No dia da perícia, ela foi informada de que não havia médico disponível para atendê-la, sendo obrigada a remarcar o atendimento.
A desilusão dessa situação se espalhou para além da esteticista, conforme ela compartilhava sua experiência nas redes sociais e percebia que muitas outras pessoas estavam passando pela mesma situação.
Isso revelou o quão generalizado é o problema, impactando a vida de muitos segurados, que precisam esperar ainda mais tempo para acessar seus direitos, enquanto lidam com as consequências financeiras do afastamento do trabalho.
Outro caso semelhante é o de uma dona de casa em Osasco, que também enfrentou o problema do adiamento da perícia enquanto luta contra um câncer de mama.
Após dois meses esperando por sua perícia, ela foi informada no dia marcado que as consultas haviam sido canceladas e só poderia remarcar dali a cinco dias devido a problemas no sistema do INSS.
Essas experiências destacam a urgência de melhorias no sistema do INSS. Durante a pandemia, algumas perícias foram realizadas por análise documental, o que reduziu o número de adiamentos.
A adoção definitiva deste método poderia reduzir significativamente a necessidade de comparecimento presencial à agência do INSS e minimizar os impactos da falta de peritos ou problemas estruturais.
No entanto, o INSS garante que o segurado tem o prazo de até sete dias após a data do agendamento para remarcar sua perícia, independente de motivo, e a remarcação não necessita ser presencial.
Mas, só pode ser feita uma vez, o que pode agravar a situação de segurados que passam por mais de um adiamento, como os casos citados.
Esta análise da situação atual do INSS em São Paulo ressalta a necessidade de um sistema mais eficiente e transparente, para evitar que segurados sejam obrigados a passar por essas experiências desgastantes e frustrantes, enquanto lutam por seu direito ao benefício social.