(Unifadra/2020 – Medicina) Leia o comentário do crítico John Gledson acerca da personagem Brás Cubas, do romance Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis (1839-1908).
“Brás é Brasil?” De certo modo até é — o nome implica-o, e em algumas passagens ele identifica-se com a nação. Contudo, ele é claramente mais representativo de uma classe do que da nação como um todo.
(“A história do Brasil em Papéis avulsos de Machado de Assis”. In: Sidney
Chalhoub e Leonardo A. M. Pereira (orgs.). A história contada: capítulos de
história social da literatura no Brasil, 1998. Adaptado.)
A classe que Brás Cubas representa é a
A) emergente classe proletária, vista como um arremedo da elite abastada.
B) aristocracia escravocrata, descrita como classe em súbita ascensão.
C) elite burguesa rentista, representada como parasita da sociedade.
D) massa operária assalariada, retratada como alicerce da sociedade.
E) nata dos imigrantes, tidos como usurpadores dos latifundiários locais.
RESOLUÇÃO:
A respeito do protagonista da obra, Lajolo (1991, p. 11) afirma que:
“Dado o analfabetismo geral que grassava no Brasil de Machado, ninguém
errará muito se imaginar que quem lia Machado era a fina flor da sociedade carioca, a quem Brás Cubas, narrador levemente malcriado, censura gostos e práticas de leitura, implacável com a tacanhice pouco exigente deste público. Tratava-se da classe dominante brasileira, uma elite culturalmente muito rala, dividida entre uma face mais conservadora e outra menos, indecisa entre os valores do velho patriarcalismo rural e os da nova burguesia urbana“.
Pode-se dizer, assim, que Brás Cubas é representativo de uma elite que ele mesmo critica.
Resp.: C
VEJA TAMBÉM:
– Questão resolvida sobre Memórias Póstumas de Brás Cubas, do Enem 2013