(CLARETIANO/2019) Leia as duas primeiras estrofes do poema “Mundo grande”, de Carlos Drummond de Andrade, para responder às questões 01 e 02.
Não, meu coração não é maior que o mundo.
É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo,
por isso me grito,
por isso frequento os jornais, me exponho cruamente [nas livrarias:
preciso de todos.
Sim, meu coração é muito pequeno.
Só agora vejo que nele não cabem os homens.
Os homens estão cá fora, estão na rua.
A rua é enorme. Maior, muito maior do que eu esperava.
Mas também a rua não cabe todos os homens.
A rua é menor que o mundo.
O mundo é grande.
(Sentimento do mundo, 2001.)
01) Na primeira estrofe, o eu lírico
A) reclama da falta de solidariedade entre as pessoas, que não conversam sobre suas dores.
B) enumera e classifica suas dores, a fim de fazer com que sejam entendidas por seus possíveis leitores.
C) defende a ideia de que todos sejam um pouco artistas, o que teria uma função terapêutica.
D) associa a vontade de se expressar a uma intenção de ter uma dimensão social, transpondo os limites de sua intimidade.
E) sugere que os espaços públicos são perigosos e que é preciso proteger-se para frequentá-los.
02) Para se entender o sentido do verso “Mas também a rua não cabe todos os homens.” (2a estrofe), é necessário saber que “caber” foi, aí, empregado como verbo
A) transitivo direto e indireto.
B) transitivo direto.
C) intransitivo.
D) de ligação.
E) transitivo indireto.
RESOLUÇÃO:
01) No poema “Mundo Grande” de Carlos Drummond de Andrade, o eu lírico expressa uma profunda reflexão sobre a relação entre seu interior e o mundo externo. Na primeira estrofe, o eu lírico não apenas reconhece que seu coração é menor que o mundo, mas também que não é capaz de conter todas as suas próprias dores. A expressão de suas dores e a exposição de si mesmo através de diferentes meios, como jornais e livrarias, sugerem uma tentativa de conectar-se com outros e de buscar entendimento ou consolo. A alternativa D reflete a ideia de que o eu lírico utiliza a expressão pessoal como uma ponte para alcançar um contexto social mais amplo, buscando uma interação com o mundo que está além de sua capacidade individual de compreender ou abarcar.
Resp.: D
02) No verso “Mas também a rua não cabe todos os homens” o verbo “caber” é empregado para expressar a capacidade ou a possibilidade de algo (neste caso, a rua) conter ou suportar algo (os homens). A função sintática do verbo “caber” nesse contexto é a de verbo transitivo direto, pois requer um objeto direto para completar seu sentido, que é o que ou quem deve caber em algum lugar. No verso, “todos os homens” é o objeto direto, que responde diretamente à ação do verbo sem a necessidade de uma preposição.
Resp.: B
VEJA TAMBÉM:
– Questões resolvidas sobre o poema “Se eu morresse amanhã”, da Famerp 2016
– Questão resolvida sobre o poema “Mãos Dadas”, do Enem 2014-PPL
– Questão resolvida sobre poema de Castro Alves, da FMABC 2021